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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Hollywood evita riscos e domínio de sequências nas bilheterias aumenta


"Homem-Aranha", "X-Men", "Transformers", "Planeta dos macacos": a bilheteria de verão nos Estados Unidos foi dominada por filmes de franquias já conhecidas, demonstrando que os estúdios preferem evitar os riscos e apostar cada vez mais nas sequências.
"São como redes de segurança para estúdios e investidores, já que estes filmes são os que conseguem as maiores bilheterias", explica à AFP Jeff Bock, porta-voz da Exhibitor Relations, empresa especializada na arrecadação dos cinemas dos Estados Unidos e Canadá.
"Sete dos 10 filmes com maior arrecadação este ano são sequências", destaca Bock, que cita como exemplos "Capitão América 2: O soldado invernal", que conseguiu 715 milhões de dólares em todo o mundo, "O Espetacular Homem-Aranha 2: A ameaça de electro", com US$ 710 milhões, "Anjos da lei 2", com quase US$ 300 milhões, e '"Como treinar seu dragão 2", com 465 milhões.
Este tipo de filme geralmente é lançado nos Estados Unidos no período que vai do início do verão até um pouco antes do começo do outono, quando as produções que almejam indicações ao Oscar começam a chegar às salas de cinema.
A tendência de apresentar novas aventuras de um filme que já fez grande sucesso não é nova. Franquias como "James Bond", "Superman", "Star Wars", "Star Trek", "Rocky", "Exterminador do futuro" ou "Harry Potter" comprovam o sucesso da estratégia. Mas o fenômeno ganhou força nos últimos anos.
"Isto aconteceu nos últimos anos e continuará ocorrendo. Basta observar o calendário de estreias: sequências, sequências e mais sequências", afirma Bock.
Na sexta-feira entra em cartaz nos Estados Unidos (dia 14 no Brasil) "As Tartarugas Ninja", mais uma adaptação do desenho para o cinema, e nas próximas semanas estreiam "Os Mercenários 3" e 'Sin City: A dama fatal".
Medo da criatividade
"As continuações economizam muito dinheiro dos estúdios em termos de promoção e é mais fácil fechar múltiplos contratos com empresas interessadas em um mesmo produto", explica o porta-voz da Exhibitor Relations.
"É um setor tão competitivo que os estúdios pensam que, com as sequências, as pessoas já sabem de que tratam os filmes", afirma à AFP Glenn Williamson, professor de cinema na Universidade UCLA.
O porta-voz da Disney, Olivier Margerie, destaca que, às vezes, a decisão de produzir uma continuação é tomada com bastante antecedência, sem o estúdio saber se o primeiro filme fará sucesso.
"A produção de 'Aviões 2: Heróis do Fogo ao Resgate' começou quando o primeiro 'Aviões' ainda não havia estreado, o que foi uma aposta financeira".
Em alguns casos, a aposta resulta em fracasso, como aconteceu com "Os Caça-Fantasmas II" (1989), "Gremlins 2 - A nova geração" (1990), "O Exorcista II" (1977), "Bruxa de Blair 2 - O livro das sombras" (2000) ou "Instinto selvagem 2" (2006). Mas os estúdios conseguem administrar cada vez melhor a fórmula do sucesso.
"Em geral, são uma garantia de sucesso, por isto vemos tantas em Hollywood", afirma Bock. Ele também ressalta que o orçamento deste tipo de longa-metragem é cada vez maior.
Williamson considera que o fim das sequências chegará quando o modelo for esgotado, "quando um estúdio não souber como continuar atualizando a ideia inicial".
O professor concorda que o vício nas continuações pode provocar uma certa preguiça dos estúdios, que teriam medo de assumir riscos criativos.
Para ele, o sucesso das sequências em grandes mercados como China, Rússia e Índia é um motivo para que os estúdios prossigam por este caminho.

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